domingo, 16 de julho de 2017

A Segunda Geração do Gol (AB9)

No post de hoje, falaremos sobre a primeira reformulação total que a linha Gol sofreu no ano de 1994, surgindo então a 2ª Geração do carro, conhecida internamente na fábrica Anchieta da VW por Projeto AB9. Suas linhas tiveram forte influência do Golf de 3ª Geração alemão e, desenhada por Luiz Alberto Veiga, foi vendida de 1994 até 1998, quando ganhou um face-lift também de inspiração no Golf, mas no modelo de 4ª Geração, e também no Passat de 4ª Geração.

O ano era 1994. Nesse ano o Brasil ainda comemorava o título de tetracampeão do futebol, título este ganho na Copa do Mundo, nos EUA. O País também comemorava a estabilidade econômica finalmente instalada com o lançamento do Plano Real, plano este que trouxe maior estabilidade econômica para os brasileiros, maior poder de compra, aniquilou a pesada inflação de quase 1000% ao ano que nós tínhamos, por meio de uma nova moeda denominada Real. No campo da Fórmula 1, o País perdia um de seus maiores ídolos do esporte, Ayrton Senna, que morreu ao bater na curva Tamburello, no Autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Ímola, na Itália. No mercado automotivo nacional, contávamos com modelos ainda baseados nos mesmos oferecidos nos anos 80, como o Uno Mille, Escort Hobby, Gol 1000 e também alguns modelos jurássicos, como o Fusca e a Kombi 1600. Havia, entretanto, um modelo da GM recém-lançado e que era extremamente moderno para os nossos padrões de carros populares, que era o Corsa B. Este modelo trazia linhas arredondadas e aerodinâmicas, motores de 1 litro e 1,4 litro com injeção eletrônica de combustível single point, com potências entre 50 e 60 CV, além de um padrão de conforto e estabilidade nunca antes vistos num carro pequeno, de alta produção e tão barato.

A Volkswagen do Brasil tinha em seu campeão de vendas há 8 anos o Gol, modelo este lançado em 1980 para substituir o Fusca, o que conseguiu cumprir com muito louvor. Só que diante da concorrência, o famoso Gol "quadrado" e sua linha não eram páreos pois, com o Corsa, a GM estava tendo dificuldades na sua produção, pois o mesmo tinha longas filas de espera e as concessionárias cobravam ágio. O Gol, por ser um carro muito robusto, durável, de manutenção barata e com peças disponíveis facilmente, só precisava de uma reformulação no seu design que o colocasse nos anos 1990, o que acabou ocorrendo com o lançamento de sua segunda geração, em 1994.

O projeto AB9 foi, basicamente, um projeto desenvolvido ainda sob a gestão da holding Autolatina, que foi a fusão ocorrida entre a Ford e a Volkswagen e que durou de 1987 até 1996, originando vários modelos para ambas as marcas.

Este projeto manteve as já conhecidas e admiradas qualidades proporcionadas pelo Gol, mas deu ao modelo linhas bem mais arredondadas e inspiradas no Golf MK3, modelo este fabricado pela matriz alemã e que a Volkswagen do Brasil acabou trazendo-o como um modelo acima do Gol, concorrendo com os demais carros médios disponíveis no mercado brasileiro até então.

O modelo foi lançado com as seguintes opções de motorização: CHT 1 litro com carburador eletrônico, de origem Ford, AP de 1,6 litro, 1,8 litro e 2,0 litro, de origem VW. Desenvolviam, respectivamente, as potências e torques de: 50 CV e 7,7 kgfm (CHT 1.0), 90 CV e 12,8 kgfm (AP 1.6), 99 CV e 15,6 kgfm (AP 1.8) e 109 CV e 17,5 kgfm (AP 2.0i). Todos os motores, com exceção do CHT 1000, possuíam injeção eletrônica de combustível single point. As versões oferecidas eram Plus 1.0i, CL 1.6 e 1.8 Mi, CLi 1.6 e 1.8, GLi 1.8 Mi e GTI 8V 2.0 Mi.

No mesmo ano que lançou a carroceria AB9, foi disponibilizado o GTI com essa mesma carroceria, substituindo o antigo GTi. O acabamento interno e o nível de ruído melhoraram muito em relação ao antigo modelo, além também a melhora no espaço interno e no espaço de bagagens no porta-malas. A motorização manteve-se a mesma, com o motor EA-827 AP-2000i de 109 CV e 17,5 kgfm de torque, mas aposentou a antiga e já ultrapassada injeção eletrônica Bosch LE Jetronic analógica por uma da marca FIC, produzida pela Ford, digital. Já conseguia competir de igual para igual com modelos esportivos mais modernos como, por exemplo, o Ford Escort XR3 2.0i MK5, o GM Kadett GSi 2.0 M.P.F.I., o GM Corsa GSi 16V, e desbancava o Fiat Uno 1.6 R m.p.i.

Apesar do Corsa GSi 16V possuir maior velocidade final do que o novo GTI, segundo testes de revistas especializadas da época, o novo esportivo da Volkswagen ainda era o automóvel compacto que possuía melhor aceleração de 0 a 100 km/h, na casa do 10 s.

Para 1995, a Volkswagen lançou um modelo totalmente novo do GTI: o Gol GTI 16V, com cabeçote do motor do Golf GTI MK3 alemão e com o câmbio de 5 marchas do novo Audi A4, modelo lançado na Alemanha no mesmo ano. Eram 145 CV e 18,5 kgfm de torque, que faziam o carro chegar aos 203 km/h de velocidade máxima e acelerar de 0 a 100 km/h em 9,5 s. Agora, carros maiores como o Vectra GSi 16V, o Omega CD 3.0, o Tempra Ouro 16V ou até mesmo os Versailles e Royale Ghia sofreriam para superá-lo nesses quesitos. Na categoria dos esportivos nacionais, ele superava com facilidade Kadett GSi 2.0, Uno Turbo 1.4 i.e., Escort XR3 2.0i, seu primo Golf GTI 2.0 MK3 e andava de igual para igual com o Tipo Sedicivalvole 2.0 16V i.e.

Só havia um problema: a motorização escolhida para o carro, a EA-827 AP-2000 16V Mi, não cabia no cofre do motor do Gol AB9. Então, os engenheiros, técnicos e designers da Volkswagen do Brasil, depois de muitas discussões, projetos e sketch's, chegaram a uma solução um tanto quanto curiosa e que já era adotada pela Mitsubishi em seu Eclipse desde o lançamento deste: o capô adotou um ressalto aerodinâmico na forma de bolha, fazendo com que o motor coubesse ali, Esse ressalto tornou-se então uma marca registrada do modelo, diferindo-o da versão GTI 8V.

Este modelo então foi oferecido de 1995 até 2000, quando o Gol AB9 já tinha sofrido a sua primeira reestilização, modificando a dianteira, a traseira e o interior do carro. Nesse mesmo ano 2000, a Volkswagen do Brasil optou por retirar o Gol GTI 16V de linha e, o posto de carro esportivo da marca ficou a cargo do Golf GTI MK4. Nesse ano, o Gol GTI 16V tinha 153 CV de potência e 18,9 kgfm de torque, alcançando 206 km/h de velocidade máxima e cumprindo a aceleração de 0 a 100 km/h em 9,2 s.

Como me alonguei demais nesse post, deixarei para dedicar-se ao interior Colour Concept do Gol GTI 16V de 2ª geração em um próximo post.


Abraços













































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