sábado, 7 de julho de 2018

Voyage Tecno I: Um Voyage Com Algo A Mais

No post de hoje, tratarei de esclarecer mais um protótipo desenvolvido pelo Departamento de Engenharia da VW do Brasil, o Voyage Tecno I, apresentado em 1983 na Feira do Carro a Álcool, em São Paulo.

Corria o ano de 1983 no Brasil, período ainda marcado pelo governo militar, incentivos a modelos movidos à álcool, por meio do Proálcool, programa do governo que dava incentivos fiscais às montadoras que possuíssem carros movidos ao combustível vegetal, e também tempos da reserva de mercado de tecnologia, que acabou enriquecendo muitos empresários e atrasando o Brasil tecnologicamente. Por volta do segundo semestre de 1983, foi decidida a realização da Feira do Carro a Álcool, evento esse a ser realizado no Parque de Exposições do Anhembi, em São Paulo, a fim de que a indústria automobilística brasileira apresentasse as novidades de seu portfólio.

A Volkswagen, no ano anterior, havia acabado de lançar por aqui um três volumes baseado em seu mais recente automóvel, o Gol. Esse sedan de três volumes veio a se chamar Voyage, em alusão ao espaço do porta malas ser maior em relação ao do Gol e também ao propósito do novo carro, que era ser um carro para a família. Para essa Feira, então, a fábrica encarregou o seu Departamento de Engenharia e Protótipos a desenvolverem um carro para exibir na Feira suas mais recentes tecnologias, tomando por base um Voyage GLS de 4 portas, originalmente com motorização de 1,5 litro oriunda do Passat.

As primeiras modificações com relação ao projeto original do Voyage concentrou-se no motor, este um EA-827 com duplo comando de válvulas no cabeçote, 16 válvulas, com injeção de combustível mecânica Bosch K-Jetronic, com 1,8 litro de capacidade cúbica, rendendo 139 cv de potência e 17,13 mkgf de torque máximos, totalmente desenvolvido pela Oettinger. A partir dessa modificação, foram alterados também o sistema de freios, adotando discos nas quatro rodas, sendo que na dianteira eram ventilados, e com adição do sistema ABS. Outra grande modificação ocorreu na caixa de marchas, que teve a primeira e a segunda marchas encurtadas, dando maior agilidade, e adicionaram também uma quinta marcha.

Esse motor de 1,8 litro e 16 válvulas era de origem alemã, muito utilizado em Scirocco, Golf GTI e Audi 80 e 100 daquela época, tornando a sua utilização em um VW nacional um grande chamariz e também uma grande novidade para um público que não via novidade automobilística desde a proibição de automóveis importados, em 1976. Foi a primeira vez que o público brasileiro viu um motor multiválvulas no País.

Na estética, a fábrica adotou rodas de liga leve Pirelli P-Slot aro 14", já utilizadas nos Golf GTI alemães da época, novo conjunto de faróis, grade e lanternas dianteiros, maiores e mais envolventes (posteriormente adotados na linha BX para 1987), pintura da carroceria feita em dois tons (Cinza e Prata), pára-choques dianteiro e traseiro envolventes, saias aerodinâmicas laterais, lanternas traseiras fumês, entre outros detalhes estéticos.

Internamente, a fábrica adicionou itens tecnológicos que ela acreditava que se tornariam comuns nos automóveis num período de 10 anos, além também de um capricho maior nos acabamentos. Entre esses itens, estavam o painel de instrumentos completamente digital, computador de bordo (que indicava autonomia, tempo de viagem, velocidade média, horas e consumo médio, este último sendo calculado a cada 100 km, bancos Recaro revestidos em couro e com regulagem elétrica do assento e do encosto com memorizadores, piloto automático, entre outros itens.

Após o encerramento da Feira, o carro foi levado até a fábrica da VW na Via Anchieta e, por ser um protótipo, acabou sendo destruído, como é a determinação nesses casos, restando apenas fotos do modelo no estande da marca no evento, bem como uma propaganda veiculada na imprensa à época. Desta forma, encerro este post de hoje, deixado a única foto do carro ainda no estande da marca na Feira do Carro a Álcool, bem como a única propaganda veiculada sobre ele à época.







Abraços







quarta-feira, 4 de julho de 2018

Santana Tecno II: Um Santana Com Algo A Mais

No post de hoje irei comentar e explicar um pouco mais sobre um modelo relativamente comum mas que, por ser equipado com uma motorização que nunca foi oferecida a linha VW nacional nos anos 80 e 90, acabou tornando-se um mito entre os Santana de primeira geração.

A segunda aparição de um motor EA-827 com cabeçote multiválvulas e equipado com injeção de combustível deu-se no Salão do Automóvel de São Paulo de 1984, realizado no Parque de Exposições do Anhembi, em São Paulo. No estande da VW, entre todos os modelos da linha nacional da marca alemã, havia um que se destacava e muito, instigando o imaginário de um público avido por novidades automotivas no mercado brasileiro: o protótipo VW Santana Tecno II. Esse protótipo foi pensado e desenvolvido pela VW do Brasil, especialmente para o Salão, e mostrava vários equipamentos tecnológicos mecânicos e com acabamentos luxuosos para a sua época.

Entre esses equipamentos mecânicos estavam a tração integral Syncro, originária dos modelos VW oferecidos na Europa, motorização EA-827 KR de quatro cilindros, com 16 válvulas, cilindrada de 1.781 cc, desenvolvendo 139 cv de potência máxima a 6.100 rpm, e o torque disponível era de 17,3 mkgf a 5.000 rpm, equipado com a injeção de combustível mecânica da Bosch, modelo K-Jetronic. Esse mesmo motor era aplicado pela marca alemã nos modelos Scirocco 16V e Golf GTI 16V da época, ofertados no mercado europeu e norte-americano. Para isso, a VW do Brasil importou da Alemanha uma unidade desse motor, bem como da tração. A tração Syncro, utilizada somente nas Quantum européias e norte-americanas nada mais era do que a já conhecida tração integral Quattro da Audi, com três diferenciais (dianteiro, central e traseiro, sendo esse primeiro autoblocante. No caso dos dois últimos, o próprio condutor decide se eles podem ser ou não blocantes).

Para realizar a adaptação da tração integral em nosso Santana, a engenharia da VW do Brasil adotou toda a seção traseira da plataforma do Santana europeu, incluindo o sistema de suspensão traseira independente por braços arrastados. Graças a essa modificação, o Santana Tecno II era muito superior em estabilidade, aderência e comportamento à qualquer Santana nacional.

O protótipo era baseado na carroceria de duas portas do Santana, automóvel lançado meses antes do Salão. Vinha com pintura em dois tons, azul (ou preto) em cima e prata embaixo, lembrando a disposição de cores utilizada no futuro Gol GTi de 1988. Além disso, vinha com rodas Avus I em aro 14", com pneus 185/60 R14, freios a disco nas quatro rodas, sendo na dianteira ventilados, máscaras negras nos faróis dianteiros, lanternas dianteiras e traseiras, grade dianteira confeccionada em plástico brilhante, com furações para ventilação do motor, entre outras modificações. Curioso notar que, apesar de ter sido desenvolvido com rodas de liga leve (as mesmas do Gol GT, lançado também em 1984), no Salão do Automóvel ele foi exposto com calotas especiais.

Internamente, o carro foi equipado com bancos Recaro revestidos em couro vermelho, também presente nos revestimentos das portas, com comandos de ajuste elétricos com memorizadores. Além disso, o acabamento em vermelho estava presente no carpete, nos tapetes e no console central, que trazia telefone e computador de bordo. O painel de instrumentos trazia cluster completamente digital, e havia ainda um computador de bordo que indicava as horas, calculava o tempo de viagem, velocidade média , autonomia e média de consumo, essa última calculada a cada 100 km. No teto ficavam localizados um relógio digital com check control, indicando possíveis anomalias e problemas com o carro por meio de luzes e sinais sonoros. Atrás, ficavam localizados uma calculadora HP 12C e um console equipado com uma mini televisão, dispostos entre os bancos.

Testado pelas Revistas Quatro Rodas e Motor3 da época, o Santana Tecno II surpreendeu a todos os jornalistas, recebendo inúmeros elogios de todos eles. Apesar de sua velocidade máxima e acelerações não terem sido auferidas na época, a Revista Quatro Rodas afirmou seguramente que o Santana Tecno II atingiria os 200 km/h de velocidade máxima, com aceleração 0-100 km/h na casa de 9 segundos.

Infelizmente, após o encerramento do Salão do Automóvel de São Paulo de 1984, o carro foi levado até a fábrica da VW em São Bernardo do Campo e, como ocorre com 99% dos protótipos, ele foi destruído, restando somente imagens e reportagens para se contar a história. Mas alguns motores 1.8 16V permaneceram em poder da VW do Brasil, que os revendeu aos seus funcionários de alto escalão, vindo a equipar alguns Santana comuns, mas isso é história para outra postagem. Dessa forma, encerro o post de hoje, deixando algumas imagens do modelo feitas à época, bem como testes de revistas especializadas feitos com o modelo à época de sua apresentação.





Abraços
































Post de Retratação: Ausências, Continuidade e Novas Matérias

Boa noite senhores

Venho por meio deste post explicar um pouco as ausências de post's no blog durante esses 3 meses. Ocorre que, por estar concluindo a minha faculdade, precisei dedicar meu tempo ao trabalho de conclusão de curso, a fim de concluir a faculdade, bem como ao meu trabalho, que também me toma umas boas horas diárias.

Agora que já concluí a faculdade, poderei ter novamente um tempo sobrando para desenvolver novos post's no blog, e com isso, atualizando-o sempre que possível. Para esse segundo semestre, preparei muitas matérias interessantes sobre o mundo VAG, bem como novas atualizações no site, com novas temáticas, links para manuais de instruções diversos, contatos, inúmeros folders que peguei em Salões do Automóvel (todos digitalizados), inúmeros vídeos de apresentação dos carros à imprensa, links para comercializar as peças que possuo em casa, sites parceiros, entre outras modificações importantes e que irão aprimorar o site do blog, deixando ele mais condizente com a sua proposta inicial: a de ser um blog dedicado ao mundo VAG com conhecimento técnico nas matérias, podendo ser referência para entusiastas VAG do mundo todo.

Além dessas novidades, teremos também colaboradores especializados em outras marcas e preparadoras alemãs, como BMW, Mercedes-Benz e suas respectivas preparadoras, que postarão semanalmente artigos no blog, bem como preparadoras alemãs diversas da M Motorsport e AMG. Terá post's também marcas pertencentes ao Grupo Volkswagen, mas que não são de origem alemã, como Bugatti, Bentley, Ducati , Skoda e Lamborghini.

Mensalmente haverá também testes e comparativos com carros de origem alemã publicados em revistas especializadas, para uma maior percepção técnica sobre os mesmo, a fim de auxiliar o futuro comprador. Terá catálogos de peças também, para auxiliar os colecionadores na busca por peças de seus carros, bem como listas com os principais defeitos crônicos de cada automóvel de cada marca, a fim de alertar o futuro comprador de um determinado carro os custos de manutenção e os pontos que ele deverá analisar antes de comprar o automóvel desejado.

Desde já, agradeço a compreensão de todos diante dessa minha dificuldade, e que nesse segundo semestre o blog possa crescer cada vez mais.



Abraços