quarta-feira, 4 de julho de 2018

Santana Tecno II: Um Santana Com Algo A Mais

No post de hoje irei comentar e explicar um pouco mais sobre um modelo relativamente comum mas que, por ser equipado com uma motorização que nunca foi oferecida a linha VW nacional nos anos 80 e 90, acabou tornando-se um mito entre os Santana de primeira geração.

A segunda aparição de um motor EA-827 com cabeçote multiválvulas e equipado com injeção de combustível deu-se no Salão do Automóvel de São Paulo de 1984, realizado no Parque de Exposições do Anhembi, em São Paulo. No estande da VW, entre todos os modelos da linha nacional da marca alemã, havia um que se destacava e muito, instigando o imaginário de um público avido por novidades automotivas no mercado brasileiro: o protótipo VW Santana Tecno II. Esse protótipo foi pensado e desenvolvido pela VW do Brasil, especialmente para o Salão, e mostrava vários equipamentos tecnológicos mecânicos e com acabamentos luxuosos para a sua época.

Entre esses equipamentos mecânicos estavam a tração integral Syncro, originária dos modelos VW oferecidos na Europa, motorização EA-827 KR de quatro cilindros, com 16 válvulas, cilindrada de 1.781 cc, desenvolvendo 139 cv de potência máxima a 6.100 rpm, e o torque disponível era de 17,3 mkgf a 5.000 rpm, equipado com a injeção de combustível mecânica da Bosch, modelo K-Jetronic. Esse mesmo motor era aplicado pela marca alemã nos modelos Scirocco 16V e Golf GTI 16V da época, ofertados no mercado europeu e norte-americano. Para isso, a VW do Brasil importou da Alemanha uma unidade desse motor, bem como da tração. A tração Syncro, utilizada somente nas Quantum européias e norte-americanas nada mais era do que a já conhecida tração integral Quattro da Audi, com três diferenciais (dianteiro, central e traseiro, sendo esse primeiro autoblocante. No caso dos dois últimos, o próprio condutor decide se eles podem ser ou não blocantes).

Para realizar a adaptação da tração integral em nosso Santana, a engenharia da VW do Brasil adotou toda a seção traseira da plataforma do Santana europeu, incluindo o sistema de suspensão traseira independente por braços arrastados. Graças a essa modificação, o Santana Tecno II era muito superior em estabilidade, aderência e comportamento à qualquer Santana nacional.

O protótipo era baseado na carroceria de duas portas do Santana, automóvel lançado meses antes do Salão. Vinha com pintura em dois tons, azul (ou preto) em cima e prata embaixo, lembrando a disposição de cores utilizada no futuro Gol GTi de 1988. Além disso, vinha com rodas Avus I em aro 14", com pneus 185/60 R14, freios a disco nas quatro rodas, sendo na dianteira ventilados, máscaras negras nos faróis dianteiros, lanternas dianteiras e traseiras, grade dianteira confeccionada em plástico brilhante, com furações para ventilação do motor, entre outras modificações. Curioso notar que, apesar de ter sido desenvolvido com rodas de liga leve (as mesmas do Gol GT, lançado também em 1984), no Salão do Automóvel ele foi exposto com calotas especiais.

Internamente, o carro foi equipado com bancos Recaro revestidos em couro vermelho, também presente nos revestimentos das portas, com comandos de ajuste elétricos com memorizadores. Além disso, o acabamento em vermelho estava presente no carpete, nos tapetes e no console central, que trazia telefone e computador de bordo. O painel de instrumentos trazia cluster completamente digital, e havia ainda um computador de bordo que indicava as horas, calculava o tempo de viagem, velocidade média , autonomia e média de consumo, essa última calculada a cada 100 km. No teto ficavam localizados um relógio digital com check control, indicando possíveis anomalias e problemas com o carro por meio de luzes e sinais sonoros. Atrás, ficavam localizados uma calculadora HP 12C e um console equipado com uma mini televisão, dispostos entre os bancos.

Testado pelas Revistas Quatro Rodas e Motor3 da época, o Santana Tecno II surpreendeu a todos os jornalistas, recebendo inúmeros elogios de todos eles. Apesar de sua velocidade máxima e acelerações não terem sido auferidas na época, a Revista Quatro Rodas afirmou seguramente que o Santana Tecno II atingiria os 200 km/h de velocidade máxima, com aceleração 0-100 km/h na casa de 9 segundos.

Infelizmente, após o encerramento do Salão do Automóvel de São Paulo de 1984, o carro foi levado até a fábrica da VW em São Bernardo do Campo e, como ocorre com 99% dos protótipos, ele foi destruído, restando somente imagens e reportagens para se contar a história. Mas alguns motores 1.8 16V permaneceram em poder da VW do Brasil, que os revendeu aos seus funcionários de alto escalão, vindo a equipar alguns Santana comuns, mas isso é história para outra postagem. Dessa forma, encerro o post de hoje, deixando algumas imagens do modelo feitas à época, bem como testes de revistas especializadas feitos com o modelo à época de sua apresentação.





Abraços
































3 comentários:

  1. Até hoje não entendi a função de uma HP12C num Santana :-) Mas era um carro de sonho!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Gostaria muito de ter visto um deste ao vivo.

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